Nunca vou de férias sozinho. Para além da família e amigos (de carne e osso) levo sempre outro tipo de amigos, aqueles que cabem dentro da mala, em forma de livro.
Estas férias levei o falecido Luiz Pacheco, com quem conversei, por interposta pessoa, através das suas entrevistas recentemente publicadas, assim como esse génio incompreendido da literatura anglo-saxónica, Hector Hugh Munro, mais conhecido por Saki.
Um notável e reconhecido dandy, nascido na Birmânia em 1870 e falecido em França, com 45 anos, deixou a sua marca na literatura satírica da viragem de Século.
Sendo certo que os mais rasgados elogios à sua escrita são dirigidos à crítica social acutilante e inteligente que tecia à sociedade britânica de finais do Século XIX e princípios do Século XX, o que mais me fascina é a transposição da sua experiência pessoal e das suas reflexões filosóficas para os curtos (e escassos) contos que deixou.
A cada nova leitura encontro frases e pensamentos cujo alcance me escapara anteriormente ou, simplesmente, me haviam passado despercebidos.
Desta vez encontrei mais um, simples (como se quer) mas absolutamente delicioso.
Deixo-vos uma tradução livre:
“Os hors d'oeuvres sempre apresentaram um interesse patético para mim – disse Reginald. Lembram-me a infância por que temos de passar, sempre a imaginar como será o próximo prato – e durante o resto do menu uma pessoa acha que teria sido melhor comer mais hors d'oeuvres.” (Reginald no Carlton, in Reginald)
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Nota: O título deste post não é para ser percebido senão por quem me acompanhou nas aludidas férias.