Monday, February 18, 2008

Dear Alex




Os Blur sempre foram uma das minhas bandas favoritas. Desde que ouvi o “There’s no Other Way” que percebi que estavam destinados a ser grandes, não, necessariamente, em termos comerciais, mas na qualidade da música que iriam produzir. E assim foi. Depois do “Leisure”, o “Modern Life is Rubbish” (Grande disco, esquecido por muitos!!!) e depois o “Parklife”. Este dispensa apresentações. Enfim, música inteligente para pessoas de bom gosto. Tudo o que veio depois não deixou a banda ficar nada mal no retrato, antes pelo contrário, e creio de daqui a uns 20 ou 30 anos vai haver miúdos a falar dos Blur. Pelo menos o meu falará de certeza. Foi o primeiro CD que lhe ofereci!

Mas este post não é dedicado à banda em si. Essa já foi mencionada neste blog e merece um post que lhe seja inteiramente dedicado e que faça jus à importância que assumiu na minha juventude.

Este post é dedicado ao baixista deste simpático ensemble: o inimitável Alex James. Foi sempre o meu favorito. Pelo estilo blasé, pelo corte de cabelo e pela sua imagem e atitude larger than life. Bebia muito, fumava muito, sexo com modelos não faltava e tocava muito pouco de baixo (embora tenha vindo a melhorar à medida que o tempo foi passando).

Mas o que mais me fascina nesta “personagem” é a reviravolta que deu a sua vida, em pouco mais de 3 anos. De popstar bêbado a agricultor foi um pequeno salto. Deverei ficar preocupado?

O timing deste post tem muito a ver com a autobiografia que este menino publicou o ano passado e que não consegui largar até terminar. E com isso veio a leitura assídua da sua coluna semanal no “The Independent”, dos seus vídeos para o site do “The Guardian” (os já famosos “Cheese Diaries”), até uma reportagem que vi ontem na SIC Notícias, “Alex James’ Cocaine Diaries”, gravada na Colômbia.

Mas, afinal, o que aconteceu?!?

Não tenho tempo, nem espaço para contar tudo, por isso restrinjo-me ao essencial. O senhor encontrou o amor da sua vida, percebeu que uma modelo por noite não o preenchia, percebeu que ressacar todas as manhãs era cansativo e casou-se. Depois teve 3 filhos, vendeu o avião, e comprou uma casa no campo por um milhão e meio de libras (nada de piadinhas foleiras com o “Country House”, embora seja ironicamente apropriado!) onde se dedicou à produção de queijo, à criação de gado e à jardinagem. Escreve assiduamente (parece que já tem um romance encomendado), junta-se para fazer umas músicas com os amigos (vide WigWam), espera pela reunião dos Blur (com ou sem Graham Coxon), dedica-se à sua família e ao seu queijo (dizem os entendidos que é até bastante bom). E pelo que percebi ontem, de vez em quando quer recuperar um pouco da adrenalina dos tempos de popstar e anda pelos campos de coca na Colômbia a arriscar levar com um balázio das FARC.

Será que é isto que me irá acontecer quando chegar aos 30? Teoricamente, deveria ficar aterrado!! Mas o que realmente me aterra é sentir que essa ideia não é assim tão descabida nem a colocar de parte, em completo choque. (Este post ainda me vai valer uma excomungação da seita yuppie!)

Afinal porque não? Uma vida mais descansada. Longe da estupidez humana. Longe do trânsito infernal, dos horários e das imposições. Com mais tempo para fazer o que me dá prazer. E quem disse que os agricultores não podem vestir fatos italianos! Porque não, pergunto eu!

Já não suporto discotecas. Já não se pode fumar nos bares. As melhores refeições que como são as cozinhadas por mim. Toda a cultura que preciso e me interessa está à distância de um clic no rato.

Sentir a falta de uma vida cosmopolita? Ah, ah, ah! Isso é para gajos que vivem em Nova Iorque. Lisboa está repleta de parolos e foleiros.

Pode ser que me engane, mas já começo a estar bastante perto dos 30 e sinto que mudanças virão. Nos tempos que correm, tudo evolui mais rapidamente. Nos anos noventa, apareceu (inventaram?) a mid-20’s crisis e os quarentões começaram a fugir das cidades. É provável que no Séc. XXI também este movimento de exôdo urbano, como tudo o resto, ande mais depressa e os 30’s sejam a idade ideal para fugir.

Filosofia à parte, vale a pena ler o livro. Eu vou seguir a carreira deste jovem agricultor/pai/jornalista/escritor/ex-popstar! E sabe-se lá onde é que irei parar…


ANTES:






DEPOIS:



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