Friday, May 30, 2008

Remember, Remember the 5th of November (or The Need for Guy Fawkes in the Portuguese Parliament)

Neste blog não costuma discutir-se política e, muito menos, politiquice, mas o triste circo a que se assistiu ontem no Parlamento português obriga a excepcionar essa regra.

A verdade é que, como já vinha suspeitando, temos um “hemicirco” em vez de um hemiciclo, onde se ouvem “uivos”, “imagéticas animalescas” e outras barbaridades que tais.

Depois de assistir àquele espectáculo deplorável, a desenrolar-se perante um magote de crianças que se encontrava a assistir aos trabalhos, imediatamente recordei o saudoso e malogrado Guido Fawkes.


Como nos fazia falta um Guido português para reduzir o “hemicirco”, e todos os que lá habitam, àquilo que verdadeiramente são e merecem.



Pode ser que alguém se lembre no próximo 5 de Novembro. Já faltou mais!

Pelo sim, pelo não, vou já preparando a minha máscara.

Thursday, May 29, 2008

Now, That's What I Call an Ad

Há que reconhecer que o homem é um visionário!

E não me refiro apenas às campanhas publicitárias, que me fazem desejar comprar tudo o que seja criado por ele, mas a todo o universo Tom Ford, desde os tempos de revolução na Gucci (devolveu-lhe o estatuto e glamour) até à sua aventura a solo, com os resultados que aqui se constatam e que se têm visto em nomes como o de Brad Pitt.




Se passarem por NY não se esqueçam de visitar a loja do senhor, nem que seja para ver (já que os preços são mais que proibitivos). O pior que pode acontecer é não resistirem e deixarem lá todas as vossas economias.


Ficarão falidos mas não poderiam estar melhor vestidos!

Wednesday, May 28, 2008

Journalists of the World ... Ignite!



Numa espécie de update do post anterior, trago-vos a confirmação de uma das conclusões a que ali cheguei, nomeadamente acerca do jornalismo contemporâneo.

Com efeito, no Público da passada segunda-feira encontrei uma esclarecedora entrevista de Norman Sims, editor e escritor americano, na qual o entrevistado corrobora a minha tese de que o jornalismo actual, nacional e internacional, é, acima de tudo, aborrecido.

Diz o autor que “Muitos leitores abandonaram a imprensa escrita. A forma de contar a história é uma das razões. Se o que está nos jornais é aborrecido, porquê lê-lo?”.

Daqui, parte o entrevistado para uma apologia (merecida) do denominado “jornalismo literário”. Histórias que são muito mais do que notícias (sem deixarem de o ser também) e que dão origem a artigos ou mesmo livros que não são romances nem ensaios, apenas histórias verdadeiras contadas na terceira pessoa.

Concordo integralmente com a tese do senhor. Os jornais, tal como os conhecemos, irão acabar mais tarde ou mais cedo, por serem pouco mais do que “chouriços com muito pouca carne e demasiada gordura”.

Quem é que vai querer ler o New York Times, o FT ou o Expresso, quando estes mais não fazem do que encher páginas e páginas de factos desinteressantes.

Prefiro, de longe, perder umas horas a ler a New Yorker do que uns meros minutos a ler o Público.

Convém não esquecer que a referida publicação norte-americana deu a conhecer ao mundo, e teve como colaboradores, escritores e jornalistas tais como J.D. Sallinger, Norman Mailer e Joseph Mitchell.

Quem, no seu perfeito juízo, poderia preferir ler uma coluna de um qualquer mentecapto no Expresso ou no Público em vez de ler o Franny & Zooey ou o Joe Gould’s Secret na New Yorker? Provavelmente os mesmos mentecaptos que tiram o curso de comunicação social na Católica e depois de se tornarem “pseudo-jornalistas” escrevem as aludidas colunas.

O meu conselho…? Aproveitem a Feira do Livro e comprem a versão portuguesa (salvo erro, publicada pela D. Quixote) desta obra-prima da literatura universal.


Chamem-lhe “jornalismo literário” ou outra coisa qualquer, desde que não me obriguem a viver só com o lixo que se publica nos jornais!

Wednesday, May 07, 2008

Simplicity is the New Sophistication



Dou por mim, quotidianamente, e cada vez mais, fascinado pelas coisas simples da vida.

Reconheço que, pessoalmente, sou algo complicado, ou, antes, complexo.

Certo é, contudo, que, quase inadvertidamente, me vejo cativado pela simplicidade e a renegar, com asco visceral, tudo o que se me afigura complexo e pretensamente intelectual.

Na verdade, é por isso que vou alimentando este blog quase exclusivamente com temáticas aparentemente frívolas, materialistas e hedonísticas.

Atenção, não tenho nada contra o raciocínio e o exercício do intelecto. Muito pelo contrário. No entanto, o que vejo hoje é uma concentração desse intelecto em algo que, muito provavelmente, não deveria merecer o nosso esforço intelectual.

Tomemos como exemplo as notícias.

De uns tempos a esta parte deixei de ver telejornais, embora continue a ler a imprensa escrita. Na maior parte das vezes leio mas não gosto. Não falo do teor das notícias ou da técnica jornalística. Estou a falar da “experiência” de ler o jornal. Como experiência, para mim, inteirar-me do que a comunicação social entende como temáticas importantes é confrangedoramente medíocre. Não me estimula o raciocínio nem me confere uma experiência intelectual satisfatória, e muito menos divertida.

O mesmo se diga da literatura. É muito raro encontrar algo que mexa comigo, que me entusiasme. Compro livros compulsivamente e, de seguida, apercebo-me que eles se vão empilhando nas estantes, não por falta de tempo para os ler, mas porque o entusiasmo que me levou a comprá-los não se concretiza na sua leitura. Desiludem.

É no mínimo curioso – ou talvez não – que aquilo que maior prazer me dá ler seja a coluna semanal do Alex James no The Independent (da qual já falei em post anterior) e o último romance que me “encheu as medidas” tenha mais de 40 anos e seja da autoria de J.D.Sallinger (que escreveu 4 livros durante toda a sua vida).

Talvez a curiosidade não seja para aqui chamada. Talvez a resposta seja, precisamente…simples!

O que me cativa, aquilo de que preciso, é de simplicidade!


Não me interessa verdadeiramente quem irá ser o próximo líder do PSD, quais as conclusões a que chegou a CMVM no caso BCP e muito menos que o iletrado do Saramago tem uma exposição em Lisboa.

A sociedade actual tornou-se numa sociedade de informação, na qual quem não está informado é segregado e rotulado de estúpido. E ninguém me tira da cabeça que este é o nosso maior problema. As instituições e organizações são lideradas por pessoas informadas (que vêm a CNN, o Bloomberg e lêem o Financial Times) mas que não passam de pobres de espírito, preocupados com o que é complexo mas desligados da simplicidade intelectual. Este é um problema que afecta também – e de que maneira – a educação. Já ninguém aprende nada, antes é confrontado com avalanches de informação com o pretexto de ser a mesma necessária para os preparar para o mundo moderno e para a especialização. Vejam que quem aprende matemática não sabe escrever português; quem estuda filosofia não sabe nada de economia e ninguém aprende nada de arte.

É óbvio que não reclamo um regresso à academia grega ou ao renascimento italiano. Contudo, não deixo de me desiludir com o rumo que a sociedade ocidental contemporânea está a levar, onde não há lugar para apreciar a beleza das coisas (eminentemente simples mas não simplista) nem para pensar sobre os assuntos que realmente deveriam ocupar a mente de cada um de nós.

Se é certo que este blog levaria a crer que eu apenas penso (e opino) sobre o tríptico consumismo, materialismo e hedonismo, tal não corresponde à verdade!

Não é preciso ser hyppie para apreciar a simplicidade e um verdadeiro yuppie terá o condão de encarar a sua vida de uma perspectiva simples.

É, pois, notória a razão que me leva a, todas as quartas-feiras, abrir a página do The Independent para ler a crónica de Alex James. Ele não é especialmente letrado e não tem a “experiência” que confere a informação, daí falar sobre temas que muito me interessam, desde o pôr-do-sol na Inglaterra rural até à sustentação racional das suas opções de vida.

Parafraseando uma participante de um concurso televisivo que foge à mediocridade instalada e que me permite olhar para as coisas mais simples mas não menos interessantes da existência contemporânea, “simplicity has its voice”!

Se não tem, devia ter!