Numa espécie de update do post anterior, trago-vos a confirmação de uma das conclusões a que ali cheguei, nomeadamente acerca do jornalismo contemporâneo.
Com efeito, no Público da passada segunda-feira encontrei uma esclarecedora entrevista de Norman Sims, editor e escritor americano, na qual o entrevistado corrobora a minha tese de que o jornalismo actual, nacional e internacional, é, acima de tudo, aborrecido.
Diz o autor que “Muitos leitores abandonaram a imprensa escrita. A forma de contar a história é uma das razões. Se o que está nos jornais é aborrecido, porquê lê-lo?”.
Daqui, parte o entrevistado para uma apologia (merecida) do denominado “jornalismo literário”. Histórias que são muito mais do que notícias (sem deixarem de o ser também) e que dão origem a artigos ou mesmo livros que não são romances nem ensaios, apenas histórias verdadeiras contadas na terceira pessoa.
Concordo integralmente com a tese do senhor. Os jornais, tal como os conhecemos, irão acabar mais tarde ou mais cedo, por serem pouco mais do que “chouriços com muito pouca carne e demasiada gordura”.
Quem é que vai querer ler o New York Times, o FT ou o Expresso, quando estes mais não fazem do que encher páginas e páginas de factos desinteressantes.
Prefiro, de longe, perder umas horas a ler a New Yorker do que uns meros minutos a ler o Público.
Convém não esquecer que a referida publicação norte-americana deu a conhecer ao mundo, e teve como colaboradores, escritores e jornalistas tais como J.D. Sallinger, Norman Mailer e Joseph Mitchell.
Quem, no seu perfeito juízo, poderia preferir ler uma coluna de um qualquer mentecapto no Expresso ou no Público em vez de ler o Franny & Zooey ou o Joe Gould’s Secret na New Yorker? Provavelmente os mesmos mentecaptos que tiram o curso de comunicação social na Católica e depois de se tornarem “pseudo-jornalistas” escrevem as aludidas colunas.
O meu conselho…? Aproveitem a Feira do Livro e comprem a versão portuguesa (salvo erro, publicada pela D. Quixote) desta obra-prima da literatura universal.
Chamem-lhe “jornalismo literário” ou outra coisa qualquer, desde que não me obriguem a viver só com o lixo que se publica nos jornais!
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